quarta-feira, 30 de abril de 2014

A relação entre o Diabetes e a Depressão





Graça Maria de Carvalho Camara 
Psicóloga Especialista em Educação em Saúde, Consultora e Coordenadora do Projeto Educando Educadores da Associação de Diabetes Juvenil – ADJ e Sociedade Brasileira de Diabetes- SBD
Você já se perguntou qual é a ligação entre diabetes e depressão? Será que o diabetes pode levar à depressão ou será a depressão uma causa do diabetes?
Muitas pesquisas vêm sendo acompanhadas no sentido de buscar respostas a estas questões, mas eu diria que cabem, antes de tudo, algumas reflexões no sentido da compreensão dos mecanismos que podem desencadear cada uma das doenças em cada pessoa em sua peculiaridade.
As pessoas possuem características próprias tanto na sua formação orgânica e física, como nas condições sócios culturais que determinam seus hábitos, valores e planos de vida.
Quando uma pessoa é diagnosticada com diabetes, pode focar sua percepção nos fatores limitantes de seus hábitos e rotinas de vida: “não posso mais comer açúcar”, “adeus à cervejinha com os amigos”, “como vou poder ir às baladas sem horário pra chegar em casa e tudo o mais”. Pode pensar nos possíveis agravos, por já ter ouvido falar de pessoas que tiveram complicações sérias e, com isso, alguns se revoltam, ou entristecem e o caminho para depressão fica aberto, ou seja, “o terreno fica fértil”.

Entretanto, passado esse período de negação e, com atendimento adequado por parte da equipe e/ou programa educativo, uma nova etapa, a de aceitação pode surgir. Esse novo estágio permite que a pessoa continue seu percurso normal de vida, com fases mais fáceis de lidar com as mudanças e aquisição de novos hábitos, além das adaptações gerais.
Para aliviar este impacto, a abordagem do médico e equipe multiprofissional e o apoio de associações de pessoas com diabetes, que têm programas educativos e grupos de apoio e troca de experiências, são essenciais. Assim, havendo a conscientização e compreensão da importância de realizar o tratamento adequado, a incorporação de hábitos saudáveis, novos comportamentos podem ser adotados e a tristeza e falta de estímulo tendem a melhorar. Não havendo melhora é importante procurar pela equipe profissional para acompanhamento especializado. Se a pessoa realmente tiver desencadeado um quadro de depressão, será necessário um tratamento específico para que essa condição seja devidamente tratada.
Por isso, precisamos distinguir a depressão como uma resposta normal dentro da fase de negação de uma condição crônica, que pode durar determinados períodos. Para isso, é necessário detectar a depressão crônica como um estado prolongado de desânimo caracterizado por vários sintomas afetivos e somáticos. A American Diabetes Association publica uma orientação geral sobre o problema da depressão em pessoas com diabetes, que pode ajudar na identificação dos sintomas de depressão e alertar familiares e profissionais de saúde que estejam em contato com estes pacientes, na qual ressalta os seguintes pontos:
• Sentir-se triste de vez em quando é normal. Mas, algumas pessoas sentem tristeza, aparentemente sem causa, que simplesmente não desaparece. Sentindo-se assim na maior parte do dia, durante duas semanas ou mais, pode ser um sinal importante de depressão.
• Estudos clínicos demonstram que pessoas com diabetes têm um risco maior de depressão, embora não haja explicações fáceis para esse fato.
• Quando o paciente não consegue obter o controle glicêmico, ou quando enfrenta as complicações do diabetes, ele "se convence" de que perdeu o controle sobre a doença.
• A depressão pode promover um ciclo vicioso, prejudicando o controle da doença e dificultando a realização de tarefas necessárias para atingir o bom controle glicêmico.
• Por sua vez, a falta de controle glicêmico pode levar a sintomas que simulam a depressão. Níveis muito altos ou muito baixos de glicemia podem promover a sensação de cansaço e ansiedade.
• Sempre que possível, uma orientação de profissional especializado em saúde mental e com experiência em diabetes pode ajudar bastante. O tratamento com antidepressivos pode ser necessário e, para tal, um profissional médico deve ser consultado.

Na presença de sintomas de depressão, não se deve esperar muito para buscar ajuda. Procure informar-se mais sobre a doença e procure serviços multidisciplinares de atenção ao portador de diabetes.
diagnóstico precoce da depressão pode acelerar seu tratamento. Portanto, esteja atento aos sinais mais comumente encontrados já nas fases iniciais do processo depressivo:
• Perda da sensação de prazer em fazer coisas que você costumava gostar.
• Tristeza sem causa aparente, principalmente pela manhã.
• Alteração nos hábitos de sono. Despertar precoce e dificuldade em voltar a dormir.
• Alterações importantes no apetite, para mais ou para menos.
• Dificuldade de concentração.
• Sensação de cansaço e perda de energia.
• Ansiedade, nervosismo ou sentimento de culpa.
• Pensamentos suicidas ou de auto-agressão.

A presença de três ou mais desses sintomas, ou de apenas um deles, associados a uma sensação de tristeza por duas semanas ou mais, indica a necessidade do paciente e/ou familiar responsável, aceitar que esteja em estado depressivo e, buscar ajuda de profissionais especializados e competentes para sua assistência.
Um exemplo claro de sucesso de um caso de pessoa com depressão e dificuldade de controle do diabetes:
Mariana (nome fictício) foi atendida em serviço público com uma glicemia média semanal de 476 mg/dL e uma variabilidade glicêmica, medida através do desvio padrão, de 60 mg/dL. Mulher sofrida, com sérios problemas familiares que incluíam alcoolismo e violência doméstica, manifestou claramente sua conformidade com o fato de nunca ter controlado seu diabetes, alegando que as consequências desse fato eram irrelevantes diante dos problemas que enfrentava.

Os esforços educacionais da equipe multidisciplinar conseguiram estimulá-la a, pelo menos, tentar seguir as novas orientações para tentar obter o necessário controle glicêmico que, por sua vez, iria contribuir para a melhoria de seu depressivo estado emocional. Ela aderiu totalmente ao tratamento e às orientações educacionais recebidas e, depois de apenas três semanas, conseguiu atingir, um bom controle do diabetes, reduzindo a glicemia média semanal para 99 mg/dL e a variabilidade glicêmica para 34 mg/dL.
A equipe discutia com Mariana regularmente seus resultados e melhora do controle do diabetes e esta foi mudando seus comportamentos a cada visita:
Pela primeira vez, mostrou um sorriso de satisfação pela conquista, cortou os cabelos para um visual mais moderno e passou a investir numa aparência mais jovial e mais saudável. Antes do tratamento, era uma pessoa quieta, de poucas palavras, após este período, passou a se relacionar muito melhor com a equipe e com seus companheiros de ambulatório; abandonou o pessimismo crônico e começou a manifestar esperanças de uma vida melhor.
Mariana passou a ser outra pessoa durante todo o período de acompanhamento de várias semanas.
Claro que seus problemas não desapareceram por milagre, mas a alegria da conquista mudou para muito melhor suas perspectivas de vida.
Concluindo, para o tratamento e acompanhamento adequado do paciente com diabetes, seja para evitar a instalação da depressão e/ou identificação e seu tratamento adequado, a atenção e acompanhamento da equipe profissional responsável e, o estímulo ao autocontrole e autocuidado são essenciais.

A Educação em Diabetes com acompanhamento por equipe multiprofissional é a forma mais eficaz para a garantia da qualidade de vida de seus portadores.
Referências:

1-DEPRESSÃO NA PESSOA DIABÉTICA: DESVELANDO O INIMIGO OCULTO
MARTA PEREIRA COELHO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal de Minas Gerais.

2 -Diabetes e Depressão: As Importantes Correlações entre Estado Emocional e

Controle Glicêmico
Dr. Augusto Pimazoni Netto

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tipos de insulinas

Conheça agora quais são as insulinas existentes no mercado e quais as diferenças entre elas

      Insulina é o hormônio responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), ao promover a entrada de glicose nas células. Ela também é essencial no metabolismo de carboidratos, na síntese de proteínas e no armazenamento de lipídios (gorduras).
      Quando o pâncreas, órgão que produz a insulina, deixa de produzi-la em quantidades ideais, é necessária a introdução da insulina no tratamento do diabetes.
      Existem vários tipos de insulina, com diferentes início de ação, período de concentração máxima (pico de ação) e duração do efeito. A seleção da insulina mais apropriada ou combinação de diversos tipos para certo paciente dependem da resposta individual ao tratamento, das condições do diabetes e dos hábitos deste paciente.
      Abaixo, estão descritos os principais tipos de insulina e suas características:



Insulina Basal:
• Insulina que cobre as necessidades do organismo entre as refeições e durante a noite, ou seja, ao longo do dia. É uma insulina de ação lenta ou intermediária. Pode ser a NPH, a Detemir ou a Glargina.
Insulina para Bolus:
• São insulinas que possuem ação mais rápida, por isso destinam-se a evitar hiperglicemia pós-prandial, relacionada à refeição. São aplicadas antes das refeições. Pode ser a Regular, Lispro, Glulisina ou Aspart.
Insulinas Bifásicas (insulina lenta + insulina rápida):
As insulinas bifásicas contêm dois tipos de insulina, de modo a proporcionar picos e tempos de duração diferentes.

O tratamento intensivo do diabetes tipo 1, que significa o uso de 3 ou mais doses de insulina ao dia, dividido em insulina basal e bolus nas refeições, é a forma de se alcançar o bom controle glicêmico (glicohemoglobina < 7%).
No diabetes tipo 1, como não há mais produção de insulina pelo pâncreas, o objetivo do tratamento é “imitar” o funcionamento do pâncreas de quem não tem diabetes, que funciona assim:
• Produção de insulina durante todo o dia, independentemente das refeições: é a INSULINA BASAL (então “imitamos” com o uso de insulinas de ação lenta);
• Liberação de insulina pelo pâncreas, de acordo com as refeições: são os BOLUS ALIMENTARES (repomos esta insulina com as insulinas rápidas, aplicadas antes das refeições).
O diabético tipo 2 também pode chegar a necessitar de insulina, pois se o seu pâncreas não estiver mais produzindo insulina em quantidade suficiente ou não consegue usar efetivamente o hormônio que produz, o médico avaliará a necessidade de acrescentar insulina ao tratamento. 
Acompanhe agora o gráfico com os perfis de ação das diferentes insulinas:


Converse com seu médico endocrinologista sobre qual o tratamento mais adequado para o seu caso.

Fonte: site Banco de saúde



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Comunicado importante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Sociedade Brasileira de Diabetes


A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) vêm por meio deste comunicado conjunto contrapor informações veiculadas na edição do Jornal Nacional de 28/03/2014 sobre a ocorrência de efeitos adversos de medicações anti-diabéticas.
O texto da matéria, ressalta, entre outras infomações:

“Para o coordenador do núcleo de estudos da Vigilância Sanitária, a situação é grave. ‘A gente tem percebido, principalmente, a ocorrência de pancreatite, alguns casos de câncer pancreático e também reações adversas na tireoide, como neoplasia de tireoide’, revela Adalton Guimarães Ribeiro, diretor do núcleo de estudos da Vigilância Sanitária de São Paulo. Na mira da Vigilância Sanitária, uma lista de dez medicamentos, com sete princípios ativos: liraglutida, exenatida, linagliptina, metformina, saxagliptina, sitagliptina e vildagliptina.”

Este texto contém incorreções importantes, tais como:

1. É absolutamente incorreta a inclusão da metformina nessa lista; este fármaco é utilizado no tratamento do diabetes há várias décadas, está consagrado, e faz parte de simplesmente todos os consensos científicos nacionais e internacionais sobre o tratamento do diabetes como medida inicial de conduta. Ela definitivamente não está associada a qualquer dos efeitos colaterais mencionados na matéria.

2. As demais drogas citadas estão sendo alvo de ampla discussão pelas sociedades científicas, no mundo todo, já há alguns anos, a respeito de seu potencial de causar doenças no pâncreas e na tireóide. As evidências até o momento, que estão consolidadas em documentos de consenso das duas maiores entidades científicas internacionais da área de diabetes, e endossadas pelas entidades científicas brasileiras, apontam para a ausência de relação causal entre esses tratamentos e aquelas doenças. O assunto, porém, ainda está em aberto na comunidade médica científica internacional.

3. O alerta diz respeito ao fato de que alguns destes princípios ativos, especificamente os de uso injetável, realmente estão liberados pela ANVISA para venda livre, sem prescrição. A SBD e a SBEM posicionam-se contrariamente a esta regulamentação, sendo da opinião de que deveria haver maior controle sobre a prescrição e dispensação destes remédios injetáveis.
Nina Musolino (Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e Walter Minicucci (Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes)