O que são as Incretinas
O arsenal para o controle do diabetes tipo 2 ganhou recentemente reforços de peso. São os medicamentos que atuam sobre as incretinas, uma família de hormônios produzida pelo intestino, capaz de potencializar a secreção da insulina. Com cerca de 180 milhões de doentes em todo o mundo, 10 milhões deles no Brasil, o diabetes se caracteriza por uma deficiência na produção ou na ação do hormônio insulina, o que leva a um aumento exagerado da glicemia. As incretinas ajudam a baixar as taxas de glicose no sangue, sobretudo depois das refeições, quando esses níveis tendem a aumentar. "O uso das incretinas abre uma frente ainda inexplorada e com perspectivas excelentes para o tratamento da doença", diz o endocrinologista Marcos Antonio Tambascia, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. A grande vantagem dos novos tratamentos é promover a secreção de insulina, de forma muito parecida à natural, em sintonia com a demanda do organismo. Os antidiabéticos tradicionais não têm esse "termômetro". Eles estimulam a produção de insulina mesmo quando a glicemia está normal. Além de exaurirem as células produtoras do hormônio, aumentam o risco de hipoglicemia. Dentre os novos medicamentos destaca-se a sitagliptina, que é vendida sob o nome comercial de Januvia.
Uma das mais arrojadas linhas de pesquisa em torno das incretinas é a que lança mão da cirurgia bariátrica. Em 2004 o cirurgião italiano Francesco Rubino percebeu que a cirurgia para a redução do estômago de diabéticos obesos resultava não apenas na perda de peso, mas também no aumento da produção de incretinas. Com um estômago menor, a comida chega mais rápido ao intestino, o que estimula a produção de incretinas. A técnica, com algumas alterações, é testada agora em diabéticos não obesos. Do grupo de seis pacientes submetidos experimentalmente ao procedimento na Universidade Estadual de Campinas, cinco já se livraram das injeções de insulina. Apesar de o método ser promissor, ainda é cedo para decretar sua validade terapêutica.
A aposta da medicina nas incretinas é enorme. Supõe-se que, além de potencializarem a produção de insulina, elas aumentem a sensação de saciedade e, com isso, promovam a perda de peso. Manter-se no peso ideal é imprescindível para o controle da doença, porque o excesso de células adiposas aumenta a resistência do organismo à insulina. Há fortes indícios, ainda, de que as incretinas também promovam a regeneração das células produtoras de insulina. Conforme o diabetes avança, essas células são progressivamente destruídas. "A expectativa é que esses novos remédios possam diminuir o ritmo de progressão da doença ou mesmo evitar que ela se instale em pacientes pré-diabéticos", diz o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, de São Paulo.
Fonte:Veja on-line
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